sexta-feira, 13 de abril de 2007

O Amor


Querido Blogue:


não sei o que se passa, mas dei comigo a ler e a gostar este texto, de um autor que para mim nem autor era... mas é giro.

"Amor é uma palavra muito resistente: desde que a conheço mantém as mesmas quatro letras.
O amor é muito diferente da palavra amor. O amor da Pátria é uma ilustre sociedade na Ilha do Faial, e o Amor de Mãe é um dos sustentáculos do pensamento Freudiano.
Dizem-me que há corporações de bombeiros que detestam o amor por ser fogo que arde sem se ver, assim como o amor a quanto obrigas é o maior inimigo do amor livre. O amor - ódio poderia ser uma marca de balanças industriais, e o pelo amor de Deus é uma muleta linguística para substituir o vão-se lixar.
O amor à primeira vista é uma coisa dos filmes que os outros fazem, sendo gravíssimo quando somos nós próprios os autores do enredo.
O amor à vida faz-nos deixar de fumar, de beber, de guiar, de ir à praia, de viajar de avião, pensar no IP 5, de entrar numa Repartição de Finanças, de jogar na Bolsa, de ir a reuniões de condomínio, de discutir política ou árbitros de futebol. O amor à camisola manda que façamos tudo ao contrário.
O amor é louco não façam pouco desta loucura é um bocado de uma canção e meu amor meu amor minha estrela da tarde outro bocado de outra canção.
As canções podem ser feitas aos bocados, e há bocados de amor que têm servido
para fazer canções.
O amor tem originado algumas guerras, e as guerras fazem questão de terminar com algum ou muito amor. O amor à liberdade, por exemplo, tem servido para matar milhões de inocentes que morrem em nome do amor do outros.
O amor é cego também se usa muito, e as prisões estão cheias de praticantes desta modalidade.
Eu quero amar perdidamente é muito português e love you madly é muito Duke Ellington.
Estava quase a esquecer o amor platónico e a verdade é que esqueci mesmo.
Não há maneira de calcular quantas vezes já terá sido dito em todo o mundo amo-te, assim como também não está descoberta forma de saber quantas vezes não foi exactamente aquilo que se quis dizer.
Amo-te é uma espécie de filho adoptivo de amor, é nosso mas não apenas, o benefício a certeza. Nunca mais a vi mas sei que está bem. Há pessoas que se suicidam para explicar o amor e pode querer dizer traição ou apenas a última palavra de és linda como os amores, frase muito utilizada por quem não se preocupa muito com isso do amor.
O amor tem muito que se lhe diga e dá pano para mangas, facto que ainda não foi detectado pelo locutores e alfaiates.
O amor à verdade é normalmente mentira e o amor pelo próximo não existe quando se está em lista de espera.
Eu gostava muito que o amor fosse aquilo que todos nós gostaríamos muito que o amor fosse, porque com mais três letrinhas apenas se escreve o pior de tudo. Desamor.

Fernando Tordo

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